Este post destina-se a dar a conhecer aquela que escolhemos como a nossa estratégia de intervenção e, de forma geral, explicar em que consiste e reflectir um pouco sobre a sua viabilidade.
Pensámos, pensámos, pensámos e... nada.
Parecia impossível chegar a uma ideia que envolvesse as tatuagens e os piercings com a nossa comunidade. Porém, e com a ajuda do nosso professor, ocorreu-nos algo: a criação de um museu da Tattoo e do Piercing.
Mas em que consistiria este museu?
Este museu seria um espaço onde os profissionais podiam, além de divulgar o seu trabalho, divulgar a história, a evolução e a maneira como estas práticas são realizadas.
Este projecto é algo complicado de realizar, pois para isto seria necessário um espaço relativamente amplo, bem organizado e financiado; logo, teríamos que ter apoio financeiro, sendo que este é o aspecto mais complicado de alcançar.
A longo prazo iremos desenvolver esta ideia de forma mais aprofundada, porque apesar de difícil, parece ser um projecto muito interessante e inovador!
Este post vai servir para fazer um balanço do trabalho desenvolvido ao longo deste período que chega ao fim: o que correu bem, o que correu mal, se as tarefas a que nos tínhamos proposto foram devidamente cumpridas, entre outros aspectos relevantes.
No início deste mesmo período, definimos objectivos/etapas a alcançar até à sua finalização, sendo que essas metas eram:
Destes objectivos, o primeiro não foi desenvolvido, por falta de tempo e por sobreposição de outros mais importantes. Todos os restantes foram devidamente "trabalhados", sendo que a nível dos inquéritos nos deparámos com imensas dificuldades (tais como o mau tempo, que nos impossibilitou de fazê-los no local previsto, e a falta de tempo que fez com que a nossa amostra ficasse reduzida a 67 inquiridos). No entanto, e apesar das dificuldades sentidas, os inquéritos mostraram resultados deveras proveitosos e conclusões importantes. O último ponto, referente à reflexão sobre possíveis sugestões do que fazer acerca destas práticas no futuro, estava incluído no inquérito, no qual pedimos estas mesmas sugestões aos inquiridos.
As principais conclusões alcançadas com o trabalho desenvolvido este período são as seguintes:
O trabalho realizado foi proveitoso, e apesar das dificuldades e de um funcionamento não muito favorável do grupo, conseguimos, quase na totalidade, cumprir aquilo a que nos propusemos, da melhor forma que nos foi possível.
Foi-nos proposto, pelo nosso professor de AP, que apresentássemos o nosso projecto nas outras disciplinas, de forma a fomentar uma discussão e uma troca de ideias que nos mostrasse o "caminho" a seguir e nos trouxesse sugestões acerca das hipóteses que temos para dinamizar estas práticas, num contexto mais local.
Estas apresentações foram realizadas nas aulas de História, Sociologia e Português. Nas duas primeiras apoiámo-nos no Power Point que elaborámos para este propósito, para conduzir as apresentações. Porém, na aula de Português este suporte já não foi utilizado devido a dificuldades técnicas, mas a apresentação decorreu fluentemente, revelando que o Power Point era, de facto, dispensável. Na apresentação na disciplina de História apenas um elemento estava presente, mas isto não impossibilitou que a exposição ocorresse da melhor forma.
Apesar de os professores terem mostrado interesse, gerado um debate e terem apresentado questões pertinentes e importantes, não chegámos a nenhuma conclusão importante, nem nos foi dada nenhuma sugestão útil, podendo até dizer-se que estas exposições foram, na perspectiva da ajuda para a elaboração do projecto, inúteis.
No entanto, o debate impulsionado por esta "divulgação" foi propício ao confronto de ideias e conhecimentos, para que aqueles menos conhecedores ficassem mais esclarecidos com a ajuda daqueles que têm mais informação acerca do assunto.
No geral, as apresentações correram bem, mas não cumpriram o seu principal propósito, que era chegar a conclusões relevantes e trazer-nos boas ideias para a dinamização do projecto.
Este post serve para demonstrar as razões pelas quais vamos fazer o inquérito, onde e a quem o faremos. É uma maneira de nos ajudar a organizar as ideias, de forma a facilitar a elaboração do inquérito.
Porquê fazer o inquérito e o que se pretende exactamente saber?
Iremos fazer o inquérito porque foi uma forma que encontrámos para saber, em circunstâncias rápidas, o que a população pensa acerca destas práticas:
Onde se vai fazer o inquérito?
Vamos fazer este inquérito na Baixa de Lisboa, porque se trata de um local com grande afluência de população, proveniente de várias áreas de residência e pertencentes a diferentes faixas etárias.
A quem se vai fazer o inquérito?
Escolhemos esta "divisão" por idades para ser possível o confronto entre as diferentes gerações, de forma a verificar se a opinião é ou não variável consoante a idade dos inquiridos.
Aqui fica a análise das entrevistas que realizámos no 1º Período. Fizemo-la com o intuito de organizar a informação para facilitar a sua leitura e compreensão:
Apesar das opiniões dos entrevistados serem semelhantes, há sempre diferenças na forma de abordagem, ou seja, os pontos de vista nao são consensuais, porque só por si mesmo este assunto já implica muita diversidade; ele próprio encerra a multiculturalidade que carcteriza as cidades.
Com este texto vamos fazer um breve balanço do trabalho desenvolvido no 1º Período, nomeadamente a fundamentação teórica e as entrevistas.
Cumprimos todos os objectivos a que nos propusemos até agora, sendo eles:
O ponto três foi o menos desenvolvido, pois apesar de a informação ter sido analisada, o seu conteúdo não foi "divulgado" no blog.
As nossas expectativas foram superadas, na medida em que cumprimos todos os objectivos dentro do prazo estabelecido.
Descobrimos diversos factos interessantes acerca destas práticas, tais como a origem das Tatuagens e a sua influência na Cultura Urbana.
Aquilo que nos permitiu chegar a algumas conclusões importantes para o desenvolvimento futuro deste projecto foram, principalmente, as entrevistas, pois a interacção com os profissionais "abriu-nos" a mente para vermos a tattoo e o piercing de uma perspectiva diferente à que estávamos habituadas, isto é, de uma perspectiva mais artística e social, ao contrário da visão somente estética.
Este trabalho deixou-nos bastantes satisfeitas, pois correu ainda melhor do que esperávamos, nomeadamente nas colaborações que conseguimos com estes brilhantes tatuadores/piercers, que aceitaram de bom agrado ajudar-nos em tudo o que pudessem. Aproveitamos para agradecer a sua simpatia.
Valeu a pena, sem dúvida, escolher este tema.
Agora, tendo em conta as conclusões a que este estudo nos levou e às sugestões que nos foram dadas, pretendemos planear a fase futura deste trabalho e iremos desenvolver os seguintes aspectos:
Em cima: à esquerda, com Natacha Fontinha e à direita com Carlos Amorim. Em baixo: à esquerda com Samuel Ávila e à direita com Cristian Barros e David Marques.
Aqui fica a análise das entrevistas realizadas a:
1 Estimativa do nº de lojas existentes em Lisboa: Natacha Fontinha Existe uma grande quantidade que não é sinónimo de qualidade. Cristian Barcelos … David Marques … Carlos Amorim Existem cerca de dez a doze lojas. Samuel Ávila Umas seis, com boas condições.
2 Há quanto tempo esta prática começou a ter visibilidade pública em Lisboa: Natacha Fontinha Já há muitos anos. Nós estamos aqui no Bairro Alto há 12 anos, mas já existimos há 17. Começámos em Campo de Ourique, depois fomos para a Rua dos Lusíadas e por fim viemos para aqui. Há 17 anos foi difícil, logicamente, mas há 12 ou 13 anos as pessoas começaram a viver com a tatuagem e cada vez mais. Cristian Barcelos … David Marques Houveram dois grandes booms: o primeiro em ’97 (durou sensivelmente dois anos) e o segundo em 2002. Isto tem muito a ver com as gerações: os pais que têm piercings têm filhos que não têm… Carlos Amorim Eu trabalho em Lisboa há três anos, e de há três anos para cá a mentalidade das pessoas mudou muito. Mas, no geral, penso que há uns oito anos. Samuel Ávila Por volta de 10 anos.
3 |
Existem ou não características ou traços comuns de quem adere a estas práticas: |
Natacha Fontinha |
Eu acho que não podemos generalizar, mas cada um tem um motivo muito pessoal para fazer. A tatuagem é arte. É uma coisa mágica que está para a vida inteira, ninguém nos pode roubar, vai connosco. Mesmo com um acidente pode ficar danificada, mas está lá. Não há características específicas, apenas a vontade da pessoa. Há pessoas que têm um visual perfeitamente “normal” (para mim é o que cada um gosta) para os padrões que a sociedade impõem, e estão completamente tatuados, só que não se vê. Lido diariamente com essas pessoas. |
Cristian Barcelos |
Há tanta evolução na tatuagem e nos meios de comunicação que a tatuagem já chegou às “pessoas comuns” (porém eu também o sou: não sou diferente de outro trabalhador de arte). Todas as pessoas estão habituadas a ver tatuagens e piercings, por isso não acho que haja uma certa elite ou sub-cultura para o fazer. |
David Marques |
Sim, pode-se dizer que sim: o gosto pela caracterização pessoal, pela modificação corporal, pela identificação própria, pela adaptação a um meio ou a identificação com modelos próprios ou pessoas com as quais nos queremos “envolver”. |
Carlos Amorim |
Em principio não. |
Samuel Ávila |
Antigamente era mais típico de um certo estilo, hoje em dia já não. Há uma grande variedade de pessoas que o fazem (mais novas, mais velhas…). |
4 |
É ou não um indicador de um estilo de vida diferente: |
Natacha Fontinha |
Não, não é mesmo nada. |
Cristian Barcelos |
Não, é apenas embelezar o corpo, tal qual como quando as raparigas vão ao cabeleireiro. É claro que dentro das tatuagens tens aqueles que fazem tipo rocker, ou lembrança de familiares, mas sub-cultura de tatuagem? Em Portugal não há. |
David Marques |
Sim, sem dúvida. |
Carlos Amorim |
Sim. |
Samuel Ávila |
Não. |
5 |
Sugestões de como enquadrar esta prática no âmbito da Cultura Urbana: |
Natacha Fontinha |
Quando vamos ver uma exposição de arte temos que estar fechados numa galeria (o que eu aprecio), mas muitas vezes estamos a lidar com pessoas que estão ali para ver e ser vistas; enquanto que um corpo tatuado que passeia na rua é uma tela viva e é perfeitamente agradável aos olhos das pessoas. |
Cristian Barcelos |
Acho que o que se trata aqui tem mais a ver com cultura individual do que cultura urbana. |
David Marques |
O piercing já está completamente enquadrado na cultura urbana. Tens desde pessoas do mais alto estatuto ao mais baixo estatuto. Em todos os estatutos existem pessoas com piercing, e o que difere é o tipo utilizado. Por exemplo, a uma executiva é-lhe permitido usar um muito pequeno no nariz ou no umbigo, mas talvez outros piercings não se enquadrem tão bem. É muito usual andarmos na rua e vermos bastantes pessoas com piercing, nem que seja um só, do mais normal ao mais invulgar. |
Carlos Amorim |
Antigamente a tatuagem fazia parte de uma cultura mais “ilegal”. Hoje em dia ela existe em todas as culturas. |
Samuel Ávila |
Eu acho que já não é uma moda. É algo que já está mesmo imposto na cultura. Antigamente pensava-se que era uma moda, mas já não. |
6 |
Motivações que levam à adesão (através da experiência do entrevistado): |
Natacha Fontinha |
Eu acho que são motivos pessoais e é algo que não gostaria de falar, mas cada pessoa adere por diversos motivos, nem que seja o mais fútil, porque os há. |
Cristian Barcelos |
Acho que é para embelezar o corpo. Para mim uma tatuagem tem que ficar sensual, seja num homem ou numa mulher. O corpo é a coisa mais bonita que nós temos e o que eu faço é acrescentar ainda mais beleza ao corpo, com algo que nos represente. |
David Marques |
A maioria? A identificação com o meio, o enquadramento num certo grupo ou sub-grupo. Querem-se enquadrar, querem ser parecidas com algumas pessoas e fazem-no para que a sua estética se assemelhe. É mau, porque limitam-se a que a sua estética se enquadre com a das pessoas a quem se querem parecer ou a quem querer ser identificadas. |
Carlos Amorim |
Posso apenas dizer que eu sou procurado pelo tipo de trabalho que faço, tanto a qualidade como o estilo (oriental). |
Samuel Ávila |
Uns porque é moda, outros por prazer, o visual, a experiência. Há vários motivos para isso. Aqueles que o fazem por prazer fazem-no, tiram, voltam a fazer. Há todos os tipos de motivos. |
7 |
Ponto de vista sobre a opinião da população, em termos gerais, sobre estas práticas: |
Natacha Fontinha |
Eu acho que é positiva. Nós somos um país do sul da Europa, de regime católico e isso tem um grande peso, porque faz os países de sul mais conservadores, mas dentro destes até somos um país que aderiu muito bem e que está a desmistificar essa ideia de que a tatuagem é coisa de presidiário. |
Cristian Barcelos |
Se fores a uma aldeia e tiveres 60% do corpo tatuado vão olhar-te de lado, mas em Lisboa, que tem uma grande população, uma pessoa com uma tatuagem é só mais uma pessoa tatuada. Agora se for eu, já podem olhar de forma um pouco diferente. O tabu que havia acerca de serem criminosos a fazer tatuagens já desapareceu um pouco, até porque o nível artístico aumentou. |
David Marques |
Temos piercings que são aceites e temos piercings que não são. Posso até dar um exemplo pessoal: já tive imensas discussões com pessoas no Metro ou na rua, porque, por exemplo, alguém com um piercing no sobrolho olha para o meu no septo e diz: “ai que nojo, que horror.”. Qual é a diferença? Não há. É um piercing. É uma perfuração do corpo; é a mesma coisa, só muda o local. |
Carlos Amorim |
Depende da faixa etária. Há idades que aceitam bem, outras não. Aqui em Lisboa a mentalidade está um pouco mais aberta porque há muitos jovens. |
Samuel Ávila |
Hoje em dia está um bocadinho melhor: já há lojas e imensas pessoas com piercings. As pessoas já se estão a mentalizar. |
8 Existem ou não algo que vise modificar a opinião pública (caso esta seja negativa): Natacha Fontinha Há muita falta de informação e o negativismo e a critica má vão existir sempre, seja em que sociedade for; enquanto o Homem for Homem haverá sempre pessoas que vão criticar a tatuagem, ou porque não têm coragem para fazer ou porque a família não gosta. Viver em sociedade é sempre um acto difícil. Cristian Barcelos A pessoa negativa vai ser negativa sempre… ou porque não quer assumir um certo valor ou por outra razão qualquer… Há quem não goste, mas eu acho que só porque não se gosta não se deve falar mal. Pelo contrário, eu conheço pessoas que gostam de tatuagens, mas não as fariam porque não iam gostar de as “carregar” consigo para sempre, e gostam de as ver nos outros. Também há o tipo de pessoas que faz uma tatuagem, nem que seja muito pequena, só porque os outros têm. É algo que é nosso: é a nossa pele, a única que temos na vida. Devemos fazê-lo porque queremos, não porque outra pessoa tem. Nos somos conscientes do que fazemos com a nossa vida e por isso também não tatuo as mãos: nem todos podem trabalhar em qualquer parte do mundo tendo as mãos tatuadas; pode até ser um pai de família, mas a sociedade não está assim tão avançada. Eu prefiro fazer a tatuagem num sítio que não complique a vida da pessoa. Se alguém sob o efeito de drogas ou álcool vier ter comigo eu não o faço. E também depende da tatuagem que é: se faltar ao respeito a outra cultura ou outra nacionalidade não o faço. Só faço coisas de que me orgulho. David Marques O confronto. Karl Marx dizia no seu manifesto que sem confronto não há evolução. Há pessoas que têm que ser sacrificadas: eu não me importo de andar na rua e ser gozado para que no futuro um filho meu possa usar tantos piercings como eu e trabalhar num banco. Não me faz confusão, vivo perfeitamente bem com isso; não me importa. Eu vejo uma senhora na rua com um fato horrível e ela olha para mim e diz “ai que horror!”… eu podia dizer o mesmo da roupa dela. Trata-se de gostos. Carlos Amorim Acho que a opinião pública vai sempre evoluir de forma positiva, nunca negativa, mesmo para os media. Samuel Ávila Vai existir sempre o contra, devido à falta de informação. Acho que até hoje tudo o que disseram de negativo não foi bem fundamentado ou provado.
9 |
Influencia que poderá ter no futuro das cidades portuguesas: |
Natacha Fontinha |
Eu acho que já tem. Acho que faz parte. Tu vais à praia e raramente não vês um corpo tatuado. |
Cristian Barcelos |
Eu acho que agora o povo português, seja lisboeta, do porto ou do Algarve, está a ser influenciado por ver pessoas com tatuagens. Por isso perdem o medo, até porque antes as pessoas que faziam tatuagens eram criminosos ou pessoas más. |
David Marques |
Tendo em conta toda a historia, e sendo um fenómeno cíclico, vamos começar a ver menos pessoas extremamente furadas, para haver pessoas apenas com um. Imaginemos: em cem pessoas vamos começar a ver 20 pessoas extremamente furadas e 80 só com um piercing. |
Carlos Amorim |
… |
Samuel Ávila |
Acompanhando a moda dos outros países, a publicidade, que até já aparece muito relacionada com isso. |
.: Relatório das Apresentaçõ...
.: Relatório da Visita de Es...
.: Entrevistas
.: Continuação das Entrevist...
.: Março 2008
.: Janeiro 2008
.: Outubro 2007
.: Outros Blogs